0 com

a desgraça do sonhador


E vocês sabem o que é um sonhador, cavalheiros? É um pecado personificado, uma tragédia misteriosa, escura e selvagem, com todos os seus horrores frenéticos, catástrofes, devaneios e fins infelizes... um sonhador é sempre um tipo difícil de pessoa porque ele é enormemente imprevisível: umas vezes muito alegre, às vezes muito triste, às vezes rude, noutras muito compreensivo e enternecedor, num momento um egoísta e noutro capaz dos mais honoráveis sentimentos... não é uma vida assim uma tragédia? Não é isto um pecado, um horror? Não é uma caricatura? E não somos todos mais ou menos sonhadores?


Fiodor Dostoievski, in "Escritos Ocasionais"
0 com

the road not taken

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.


Robert Frost
2 com

shutter island

É impossível ficar alheio à força dramática da cena inicial de "Shutter Island": um ferry lentamente emerge de um denso nevoeiro, levando Teddy Daniels (Leonardo di Caprio) e Chuck (Mark Rufallo) em direcção aos imponentes portões de acesso do Hospital Psiquiátrico...Este é apenas o início desta obra de Martin Scorsese que, primorosamente, nos oferece drama, mistério, por vezes arrepios. Ou seja, o pretendido, mas muitas vezes não conseguido, neste género de cinema.

Em termos de narrativa, não vou entrar em detalhes. Está recheada de potencial dramático, cuja intensidade varia, arrebatando-nos numa montanha russa de emoções. Momentos de curta, mas intensa tensão, contrastam com cenas mais prolongadas, de explanação, normalmente associadas aos flashbacks/memórias. Resumidamente, estamos perante uma busca, não só por parte da personagem de Teddy, mas também do espectador, e à medida que os mistérios se vão adensando, também nós cada vez mais estamos absorvidos nessa arrepiante teia.

Destaco diversas cenas cinematograficamente fantásticas, como quando os dois detectives estão a procurar pistas sobre o misterioso desaparecimento de uma paciente, de forma a se protegerem de uma intensa tempestade, se refugiam numa cripta; a marcante cena onde Teddy abraça a sua esposa, Dolores (Michelle Williams), sobre uma chuva de cinzas, formalizando uma imagem simultaneamente bela e aterradora; o massacre em Dachau, uma cena quase surrealista, visualmente brilhante ao colocar-nos no ponto de vista dos soldados alemães; a subida das escadas em espiral, no interior do farol, metaforicamente arrasta-nos num envolvente escalar de tensão, onde todos ansiamos (tememos?) pelo clímax, a suprema revelação.

De referir também que Leonardo di Caprio, em mais uma prova do seu valor, está rodeado por um brilhante elenco. Mark Ruffalo tem um dos seus melhores desempenhos da carreira como Chuck, o calmo e intrigante colega do mais emotivo Teddy. Max von Sydow e Ben Kingsley estão perfeitos como os misteriosos médicos responsáveis pelo Hospital Psiquiátrico, quase nos lembrando de um certo Dr Frankstein e o seu castelo... Apenas Michelle Williams talvez nos pudesse ter oferecido um desempenho mais intimo, intenso, mas a "sua" Dolores não deixa de ser eficaz.

Subsiste muito mais para dizer e reflectir sobre Shutter Island, mas termino desta simples forma: uma misteriosa narrativa inserida numa sombria atmosfera, justaposta a cenários repletos de opulência e detalhes e a uma direcção excelente de Scorcese, não permitem que ninguém fique indiferente perante cinematografia desta qualidade. Imperdível.

0 com

minding the gap

A música do momento? Nada disso. Simplesmente um "som/mensagem" que não consigo tirar da cabeça...

0 com

amour imagination rêve

0 com

the happy ending is you

0 com

death is the road to awe



together
we will live forever